


A arte de ser artista:
""É um artista raro. Em seu monástico casarão de Olinda, pesquisa longamente cada um dos seus temas e os signos correspondentes. Estuda exaustivamente a compartimentação do espaço e sua relação com os tempos da narrativa. Bosqueja, faz croquis a lápis ou tinta, buscando a cor precisa, a ser posta em confronto com as chapadas de preto e com o branco, que funciona como luz ou espaço. Exercita com a goiva toda uma variedade de cortes até encontrar a textura ideal para o assunto tratado, a tonalidade exata. O tempo escorre, lento, na província afetiva do artista. Gravar pede paciência e muito ofício. Samico não é virtuose - não sou um habilidoso, costuma dizer - por isso age empiricamente, na base do erro e do acerto. Mas, concluída a obra, aposta sua assinatura, teremos com certeza, diante de nós, uma obra de arte irretocável e de uma beleza arrebatadora. (...) Samico equilibra, em doses certas, imaginação e despojamento, fantasia e técnica".""
Frederico Moraes [1995]